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Gomas caseiras saudáveis e sem açucar

by 1 de Abril de 2020

As gomas são a perdição de quase todos os miúdos mas são do piorio em termos de valor nutricional. Neste artigo, além de uma receita de gomas saudáveis que vos vou ensinar a fazer, vou-vos mostrar o que pode esconder um ursinho lindo, colorido e fofinho que está dentro de um pacote de gomas para crianças (e adultos).

Mas afinal de que são feitas as gomas?

A grande maioria das gomas que se encontram à venda por aí têm como um ingrediente-base a gelatina. E de que é feita a gelatina? As gelatinas comuns (exceto as de origem vegetal) disponíveis no mercado, promovidas muitas vezes como um produto saudável, apenas por serem pouco calóricas, são feitas a partir da pele, das cartilagens e dos ossos de animais, designadamente de suínos. Sim, isto é mesmo verdade. Por aqui já dá para perceber que estamos a falar de um produto nulo em termos nutritivos.

E quanto aos restantes ingredientes? 

Ora vamos dar uma olhada aos ingredientes de um pacote de gomas ao acaso. A saber:

Xarope de glucose, água, açúcar, amido de milho, gelificantes, gelatina, pectina, adicidificantes, aromas, reguladores de acidez, extrato de spirulina e corantes artificias diversos. 

Assim, para além da gelatina proveniente de animais, as gomas são formadas por:

  • Açúcares – No exemplo de cima temos de dois tipos: xarope de glucose e açúcar propriamente dito. E reparem só que são dois dos três ingredientes principais.
  • Polissacarídeos (pectina) – Que agem como estabilizadores dos extratos de frutas em suspensão.
  • Acidificantes (ácido cítrico, ácido málico e citratos de sódio) – Que podem ser nocivos para o sistema digestivo.
  • Proteínas vegetais (spirulina) – Neste exemplo a spirulina, uma alga encontrada em rios e lagos, é o único ingrediente com algum valor nutricional neste rótulo.
  • Corantes artificiais – Para dar a cor, sendo que aqui pode ser qualquer coisa porque na palavra “artificial” cabe tudo e mais um par de botas.

 

Será que a maior parte das pessoas tem a consciência disto ao oferecer um pacotinho de gomas nas festas de aniversário dos miúdos? Sinceramente não me parece.

 

Existem gomas vegan?

Sim, existem no mercado alternativas vegetais às gomas e gelatinas tradicionais, para quem ainda assim quiser continuar a oferecer aos miúdos, mas a questão dos açúcares e dos outros ingredientes é basicamente a mesma. Aqui não se trata somente da proveniência do ingrediente: gelatina, trata-se de um conjunto de outros ingredientes que não têm qualquer aporte nutricional.

Por aqui o mais novo nem sabe o que é uma goma e o mais velho provou a sua primeira goma com 5 anos numa festa de aniversário e nunca mais comeu. E ele, que até nem gosta de nada doce, curiosamente gostou da goma. Mas assim que lhe expliquei de que eram feitas, disse-me que nunca mais queria comer.

As marcas não fazem nada ao acaso, já se sabe, e acabaram por criar um produto colorido e fofinho, de textura macia e com formas apelativas para seduzir os miúdos. Mas aqui em casa não têm sorte nenhuma, nem gomas vegan nem sem ser vegan, tenho dito. Eles até podem experimentar depois quando forem maiores, mas não serei eu a dar-lhes com toda a certeza.

Vamos então sem mais demoras à receita das gomas caseiras:

Já tinha experimentado há algum tempo fazer gomas destas mas nem sempre ficavam no ponto, mas desta vez ficaram impecáveis e eles adoraram.

Para quem acha que dá trabalho, esqueçam, demora 10 minutos a fazer e solidificam em menos de 1 hora. Não há mesmo desculpa para não fazerem. E ainda pode ser feita com os miúdos agora em casa. Embora dependa um pouco da idade deles, pois o preparado irá ter de ferver. Cá em casa o de 6 fica a mexer a gelatina e o de 2 a ver, eu depois enformo e desenformo, e no final eles comem tudo e eu fico a ver navios! 

Estas gomas são completamente saudáveis, só levam sumo de fruta e agar-agar, uma alga que tem um poder gelificante depois de fervida. Embora não seja muito fácil encontrá-la à venda em supermercados comuns, podem ver em supermercados bio ou lojas online como a Efeito Verde (vejam aqui). Espero que os vossos miúdos gostem!

 

Ingredientes 

  • 250 ml de sumo de maçã ou outro (rende ± 30 gomas das do tamanho que vêem na imagem)
  • 1 colher de sopa de agar-agar em pó

 

Como se fazem as gomas caseiras?

  1. Coloca-se o sumo num tacho, adiciona-se a agar-agar, mexe-se e leva-se ao lume para levantar fervura, mexendo para não pegar ao fundo. A mistura deve ferver entre 3 a 5 minutos.
  2. Coloca-se o preparado em forminhas de gelo ou numa forma grande (para depois de solidificar se cortar em quadradinhos) e leva-se ao frigorífico até solidificarem (cerca de 1h).

 

 

Panquecas vegan e sem glúten

by 1 de Abril de 2020

Panquecas. Quem não gosta? Aqui em casa todos somos fãs. Desde que tive o meu primeiro filho que comecei a fazer panquecas vegan para alguns pequenos-almoços de fim-de-semana cá em casa. Na altura recorria muito a uma receita com aveia e banana que tenho publicada aqui. Não obstante as panquecas serem boas, a massa tinha mesmo que estar no ponto porque a junção da farinha de aveia e da banana resultava numa textura muito pastosa, que tinha que ser trabalhada com muito cuidado para não pegar ao fundo da frigideira. Acabava por demorar muito tempo, pois fazia uma a uma, e só comia no final de ter feito todas… Felizmente que na altura éramos só 3 e não 4 porque atualmente enquanto estou a fazer as panquecas ao lume, os miúdos estão literalmente a vir roubá-las do prato e a comê-las a um ritmo desenfreado. 

Desde que descobri esta receita que usa trigo sarraceno (não a farinha, mas sim o grão demolhado), e que fiz as devidas substituições à receita original, dando mais alguns retoques aqui e ali, que faço as melhores panquecas vegan de sempre.

 

Estas panquecas vegan:

  1. São fáceis de preparar – Batem-se os ingredientes todos ao mesmo temo sem complicações. O único procedimento é deixar o grão a demolhar de véspera.
  2. São rápidas fazer– Na minha frigideira faço 4 médias de cada vez ou 5 pequenas.
  3. Não colam ao fundo da frigideira – Apesar de usarem banana, como uso apenas uma, a massa descola sempre sem problemas na altura de serem viradas.
  4. Saem sempre fofas – A textura da massa também se pode controlar, ou seja, se pretenderem umas panquecas mais altas, podem deixar a massa mais grossa, se pretenderem umas panquecas mais fininhas e por conseguinte mais quantidade, adicionem um pouco mais de leite vegetal. De todas as maneiras ficam sempre fofinhas e leves.
  5. São aptas para celíacos ou intolerantes ao glúten – Pois usam apenas o grão do trigo sarraceno que não contém glúten.

 

4 dicas para que as vossas panquecas vegan sem glúten saiam sempre bem.

  1. Usem uma frigideira grande – Assim fazem mais de cada vez e o processo torna-se mais rápido
  2. Usem uma boa frigideira – Uma frigideira anti-aderente que não seja preciso adicione qualquer tipo de gordura.
  3. Não usem mais do que uma banana – A ideia da banana é a de substituir o ovo, dando às panquecas uma textura mais cremosa, conferindo, ao mesmo tempo, um pouco de doçura.
  4. Não dispensem a raspa de limão – Faz toda a diferença nesta receita, diria que é mesmo o ingrediente secreto, que dá às panquecas um toque maravilhoso.

 

Algumas sugestões de versões de panquecas vegan que comemos cá em casa:

  • Base de manteiga de amêndoa/amendoim e rodelas de banana polvilhadas com canela – A perdição dos miúdos!
  • Regadas com maple syrup e topping de côco e canela – As nossas favoritas (Pais)! 
  • Apenas e só com maple syrup – Ao verdadeiro estilo americano, keep it simple!
  • Com fruta partida, iogurte natural e granola caseira – Versão mais saudável e uma das que mais como também.

Posso-vos dizer que aqui os miúdos, na maior parte das vezes, comem-nas sem nada, à mão e do mesmo modo que comem um naco de pão. Adoram! Aliás as deles, dificilmente páram no prato…

 

Ingredientes 

  • 280g de trigo sarraceno demolhado de véspera, lavado e escorrido (equivale a cerca de 1 chávena de grão de trigo por demolhar)
  • 140 – 200ml de leite vegetal (consoante a altura pretendida)
  • 1 banana madura 
  • raspa de 1 limão
  • pitada de canela ou baunilha
  • pitada de sal

 

Como se fazem as panquecas vegan sem glúten?

  1. Colocam-se todos os ingredientes num processador de alimentos ou num copo de varinha mágica e batem-se por cerca de 3 minutos ou até se obter uma massa fofa e homogénea.
  2. Aquece-se uma frigideira anti-aderente e, com a ajuda da concha da sopa, dispõem-se as panquecas sem adicionar qualquer tipo de gordura.
  3. Quando as panquecas estiverem com a parte de cima a borbulhar, estão prontas para serem viradas. Aí voltam-se de lado e acabam de cozinhar.
  4. Estão prontíssimas para servir com o vosso topping favorito!

Feijoada vegana cogumelos

by 30 de Março de 2020

Quem tem acompanhado o blog nos últimos tempos pode perceber que tenho andado de volta dos pratos clássicos da cozinha tradicional portuguesa. E como tal, não podia faltar a Senhora Feijoada. Esta que hoje vos trago é de cogumelos. Tem todos os ingredientes de uma boa feijoada tradicional, com a exceção das carnes, claro, e leva cogumelos. Eu era daquelas pessoas que adorava feijoada, mas não gostava de comer as carnes. Então lembro-me da minha mãe me separar as carnes e me encher o prato de feijão, couve e cenoura. 

Para os amantes da feijoada com todos, podem fazer uma imitação mais fiel usando chouriço vegetariano e seitan, mas aqui em casa como não consumimos com muita regularidade nenhum dos dois, mantenho-me nesta abordagem mais simples usando apenas leguminosas, cogumelos e legumes. Afinal de contas não se sente falta de mais nada neste prato pois ele tem todo o sabor de uma boa feijoada. Apuradinha então, nem se fala. Quem a guardar para o dia seguinte ainda tem direito a mais sabor e a uma calda mais grossa do feijão. Eu pessoalmente, adoro feijoada no dia seguinte! 

Este tacho rende 4 boas porções. Se quiserem fazer mais para congelar ou para terem para mais refeições carreguem nas quantidades. Podem usar qualquer tipo de cogumelos, mas como tenho tido muitos cogumelos shimeji, tenho-os usado basicamente em tudo. A versão com shitake também fica simplesmente deliciosa. Façam com os vossos cogumelos de eleição, com o feijão que tenham em casa ou com os vossos legumes preferidos, mas façam-na que não se vão arrepender, garanto! Aqui vos deixo então mais uma versão de um prato tradicional revisitado.

Ingredientes

  • 3 chávenas de feijão vermelho previamente cozido (500g)
  • 1 chávena de feijão branco previamente cozido (180g)
  • cogumelos shimeji brancos e castanhos ou outros (300g)
  • 1 cebola grande picada (100g)
  • 4 alhos esmagados e picados (40g)
  • 2 tomates médios maduros pelados e cortados em pequenos pedaços (250g)
  • pimento vermelho partido em pequenos quadrados (40g)
  • couve toscana (ou outra) partida em pedaços (100g)
  • 1 cenoura grande cortada em rodelas (120g)
  • água qb ou caldo de legumes para a cozedura
  • 1 colher de chá de curcuma
  • 1 colher de chá de pimentão doce (paprika)
  • 1 colher de chá de sementes de cominhos (se usarem pó reduzam para metade)
  • 2 folhas de louro
  • seitan (150g) e umas rodelas de chouriço vegetariano (opcional)
  • pimenta preta a gosto
  • coentros frescos (40g)
  • azeite qb

 

Como se faz a feijoada de cogumelos?

  1. Num tacho doura-se a cebola com as folhas de louro em azeite e quando esta estiver translúcida adicionam-se os alhos e doura-se mais um pouco.
  2. Coloca-se o pimento vermelho (o chouriço caso usem) e continua-se a refogar. De seguida junta-se a cenoura e as especiarias (curcuma, paprika, pimenta preta e cominhos) e deixa-se cozinhar, mexendo por uns minutos, para as especiarias largarem o seu aroma.
  3. Coloca-se o tomate, junta-se um pouco de água/caldo para a mistura não colar ao fundo e deixa-se cozinhar por mais uns 5 minutos para apurar sabores.
  4. É tempo de juntar os cogumelos (e o seitan caso usem), adicionar um pouco mais de água/caldo e tapar. Deixa-se então cozinhar por mais 5 minutos.
  5. Adiciona-se o feijão e as couves e junta-se mais água. Retificam-se temperos.
  6. Deixa-se ferver e depois reduz-se deixando cozinhar em lume brando para apurar sabores e no fim adicionam-se os coentros picados frescos.
  7. Deixa-se repousar cerca de 10min. antes de servir.
  8. Serve-se com mais coentros frescos picados também no prato. 

Pataniscas de grão

by 26 de Março de 2020

Pataniscas de bacalhau é um prato que me faz viajar até à minha infância, um clássico em casa a minha mãe que tinha no meu pai o seu maior fã. Na verdade naquela altura eu nem as valorizava muito. Achava as pataniscas da minha mãe aborrecidas porque, na maior parte das vezes, ela não usava nem cebola, nem salsa picadas (o meu pai não gostava) que faziam toda a diferença. Comecei a gostar de pataniscas mais tarde, e já fora de casa, porque eram feitas conforme a receita original e em casa da minha mãe quase só sabiam a ovo e farinha… E o sabor intenso do ovo nunca foi muito a minha praia. Desde que me tornei vegetariana que já tinha feito várias tentativas de pataniscas de grão mas nenhuma me calhava bem, nem a suposta receita infalível da Gabriela Oliveira. Entretanto fui ajustando e criei esta que fui aprimorando ao logo do tempo e que agora acho que está mesmo perfeita. 

Para os verdadeiros amantes de ovo, usem sal negro dos Himalaias (kala namak) e conseguem obter um sabor muito aproximado, pois a farinha de grão combinada com este sal, chega mesmo a parecer que se está a comer algo com ovo. Curiosamente nestas pataniscas não uso cebola, mas não se sente nada a falta! Aqui vos deixo mais uma proposta, com todo o sabor e 100% vegetal, acompanhada com o clássico arroz de tomate e com couve salteada.

Notem que esta polme está mesmo feita para fritar, tal como as pataniscas originais. Se preferirem fazer no forno ou numa fritadeira de ar quente terão que reduzir a quantidade de água para a massa ficar um pouco menos líquida.

 

Espero que gostem tanto quanto nós! Esta receita rende 12 pataniscas de grão.

Ingredientes

  • 2 chávenas de grão-de-bico previamente cozido (260g)
  • 3/4 chávena de água (±180 ml) 
  • 4 colheres de sopa de farinha de grão (40g)
  • 8 colheres de sopa de araruta (40g) – podem usar amido de milho
  • 1 cenoura média (90g)
  • 1 colher de chá de curcuma
  • 2 colheres de sopa de alho em pó
  • 1 colher de café de gengibre em pó
  • 1 colher de café de paprika fumada
  • pimenta preta a gosto
  • sal negro a gosto
  • salsa picada qb
  • fio de azeite

Como se fazem as pataniscas de grão?

1. Juntam-se todos os ingredientes num processador de alimentos e bate-se bem. Adicionam-se as farinhas e volta-se a bater.

2. Moldam-se as pataniscas e fritam-se numa frigideira só com um fundo de azeite. Em alternativa podem-se colocar no forno ou numa fritadeira de ar quente (mas não se esqueças de fazer os ajustes necessários para secar um pouco mais a polme).

 

 

10 Dicas para um Bolo Vegano bem sucedido

by 25 de Março de 2020

Acho que uma das coisas com que as pessoas que se tornam vegetarianas/veganas se debatem mais é com fazer bons bolos sem ovos, sem manteiga, sem leite ou outro qualquer derivado animal. E isto ainda se intensifica mais se, tal como eu, não quiserem usar açucar nem nenhum substituto semelhante. De facto não é tão fácil fazer um bom bolo vegano da mesma maneira que se faz um bolo comum. No campo dos bolos tradicionais, há pessoas que mesmo não sabendo cozinhar conseguem fazer um bolo espetacular e há pessoas que são excelentes cozinheiras mas não têm grande jeito para bolos… 

Sempre fui gulosa mas estava no grupo daqueles que tinha pouco jeito para bolos. Na verdade nunca enveredei muito por esse lado por uma questão  estratégica também, pois assim não caía na tentação de os comer. Contudo depois de ter filhos, e de ter eliminado por completo o açucar da nossa alimentação, comecei a ter vontade de experimentar bolos mais saudáveis, sem açucar, adoçados de forma natural, nomeadamente através de frutos secos como as tâmaras, ameixas, passas ou figos por exemplo. 

Os primeiros resultados eram desastrosos a nível de aspeto, mas não desapontavam em termos de sabor, ou seja, as receitas eram boas, a execução é que nem por isso… Eu sabia no que fazer um bolo vegano usando qualquer tipo de açucar era sem dúvida mais fácil, e muito diferente de usar frutos secos que pesam mais na massa, e que os bolos acabavam por sair mais densos e mais pesados, mas para nós comermos de vez e quando lá em casa funcionava.

No meio do processo acabei depois por descobrir e me dedicar mais aos bolos crus, que adoro por sinal, e a outro tipo de doces que me saíam sempre bem e por esquecer os tradicionais. Mas a ambição de ter pelo menos uma receita de bolo infalível, quanto mais não fosse para o aniversário dos miúdos, era muita e nunca desisti. Nas minhas investigações e investidas fui descobrindo algumas regras a seguir que fazem toda a diferença na confecção de um bolo vegano, que não são imperativas numa receita de bolo tradicional. 

 

Hoje em dia posso dizer que consigo fazer não um nem dois, mas vários bolos veganos, fofos, bonitos e maravilhosos de sabor, usando apenas ingredientes integrais, sem açucar nem qualquer tipo de adoçante alternativo como mel ou geleias de cereais. E posso dizer mais: consigo, através da observação da massa, perceber se vai ligar bem, se precisa de mais ingredientes secos ou de líquidos. Tudo isto fui adquirindo ao longo do tempo, com diversas tentativas e com a experiência. 

Para os que desistiram ou estão para desistir, não percam a esperança. Compilei esta lista que pode ser a vossa salvação! Sigam ponto por ponto e depois venham cá contar como correu.

1. Forrar a forma com papel vegetal e fazer uma tampa

Uma das coisas que funciona bem é, para além de forrar a forma com papel vegetal, fazer uma tampa no mesmo papel que acaba por servir para evitar que a parte de fora do bolo coza mais rápido que a de dentro e queime. Deste modo devem untar a forma com um pouco de gordura (azeite, manteiga vegetal ou óleo de coco), colocar o papel a forrar a forma, depois a massa e no fim a tampa e levar ao forno.

2. Pouca massa de cada vez

Fazer bolos demasiado grandes pode não correr muito bem à primeira tentativa, pois pode-se correr o risco das farinhas não se misturarem bem na massa. Normalmente as receitas de bolos veganos não são receitas muito grandes por isso há muita gente que as duplica, triplica, ou para um bolo muito grande, quadriplica. Se for este o vosso caso, o meu melhor conselho é: tenham bons utensílios para o fazer (colheres grandes, recipientes grandes) e força de mãos. Misturem delicadamente e assegurem-se que lá no meio, a parte líquida do bolo chegou a todas as partes e incorporou bem na sólida.

3. Fazer 2 bolos

Esta vem um pouco no seguimento do ponto anterior. Muitas vezes funciona melhor dividir a massa, precisamente para trabalhar menos massa de cada vez. Por isso se pretenderem fazer um bolo realmente grande, o meu melhor conselho é fazerem 2 bolos e rechear, garantido assim que os ingredientes ficam todos bem misturados e que o bolo mantém toda a sua fofura.

4. Processar as tâmaras com a farinha

Como a maior parte das minhas receitas de bolos usa tâmaras, aprendi que a melhor maneira de as incorporar na massa é batendo-as com a farinha. Atenção que aqui também não é preciso bater muito porque não se quer que a farinha se transforme numa bola. Deve-se ir batendo aos poucos, apenas o suficiente para as tâmaras ficarem picadas e incorporadas na farinha sem bater demasiado.

5. Misturar os ingredientes líquidos e os sólidos em separado

Esta é normalmente uma imposição nas receitas de bolos veganos e não é mesmo por acaso. Por vezes podemos ter a tendência para fazer de outro modo qualquer, mas aqui também não vale a pena inventar sob pena de dar barraca.

6. Bater o bolo à mão: sempre!

Outra erro em que podemos cair: bater o bolo com uma batedeira ou com um processador de alimentos como se faz com os bolos tradicionais. De facto não é que seja proibido fazê-lo, mas bolos sem ovos não se querem muito “mexidos” nem muito “batidos”. A ideia é mesmo a de envolver os ingredientes, misturando até obter uma massa homogénea. Se batermos vamos tornar a massa mais pesada e o bolo mais denso.

7. Dar preferência a farinhas integrais

Muita gente se queixa que os seus bolos veganos não crescem, que ficam muito “enqueijados”, ou seja que a massa fica densa. E se, por um lado, poderá dever-se ao facto do bolo ter sido demasiado batido, também pode estar relacionado com o uso de farinhas refinadas. Bolos que usam apenas farinhas refinadas têm tendência a expandir menos. Normalmente uso farinhas integrais e noto muita diferença. Também há muitas receitas que sugerem uma mistura de ambas, mas nada como experimentarem em casa o que vos corre melhor. 

8. Usar um bom fermento

Aqui acho mesmo que faz toda a diferença. Sempre que usei um bom fermento (biológico) nos meus bolos, notei uma muita diferença e a partir daí nunca mais usei fermentos convencionais. O fermento também não se quer muito mexido e por isso adiciono-o apenas no final do bolo. O fermento pode ser substituído por vinagre + bicarbonato ou vinagre + limão.

9. Não deixar a massa muito pesada

Se depois de bater o bolo percebermos que e massa está muito densa/pesada e pouco fluída, é porque o bolo precisa de um pouco mais de ingredientes líquidos. Aí pode adicionar-se um pouco de leite vegetal ou de água e tornar a mexer. Para este passo é preciso algum cuidado para que a massa fique “no ponto” certo. E isto por vezes não se descobre de imediato, requer algum treino e muitas tentativas.

10. Não cozer o bolo a uma temperatura muito alta

Cozer um bolo a 180º é o ideal para o bolo não levar demasiado calor e cozer de forma homogénea. Normalmente pré-aqueço a 200º com ventoinha e depois cozo a 180º com as resistências de baixo e de cima ligadas.

 

Espero que coloquem estas dicas em prática quando fizerem o vosso próximo bolo vegano. Se tiverem mais alguma dica por favor partilhem comigo também que quero saber!

 

A foto que vêem na imagem deste post é de um bolo de cenoura e chocolate delicioso, que foi a escolha do meu filho para comemorar os seus 6 anos. Um destes dias passo para aqui para deixar a receita.

 

 

 

Jardineira de legumes

by 23 de Março de 2020

Tenho andado a revisitar as receitas tradicionais portuguesas, aqueles pratos clássicos que se comiam em casa da minha mãe. E tinha inevitavelmente que aqui vir dar: à jardineira! Digo inevitavelmente porque nunca fui fã… Comida cativa dos nossos almoços de quarta-feira, à jardineira a minha mãe chamava: Carne Estufada, e fazia-a com carne de vaca e presunto cozido. Confesso que nunca gostei, desde logo porque tinha ervilhas, (as minhas arqui-inimigas), depois porque levava batata estufada que também não achava grande graça, e ainda pelo presunto, que salgava o prato e me dava imensa sede… Mas pronto, tinha que comer, que remédio!

Hoje em dia faço jardineira apenas com legumes e uso batata-doce porque acho que combina bem melhor, dando um sabor ao prato bem distante das minhas recordações de infância. Quem quiser fazer algo mais parecido com a jardineira de carne pode usar seitan e chouriço vegetariano que acabam por dar um sabor mais fiel, mas para o dia-a-dia, gosto de a fazer apenas com legumes, parece-me suficiente e fica mesmo muito bem. Nota que eu ainda “ponho as ervilhas de lado”…

Este é um daqueles pratos a que eu chamo um 2 em 1. Pode-se fazer muita quantidade e com as sobras, transformar noutro prato. Como?

  1. Escorre-se bem o molho;
  2. Tritura-se tudo e junta-se pão ralado (também se pode usar farinha de mandioca em alternativa) para secar um pouco a massa;
  3. Moldam-se croquetes ou almôndegas ou mesmo hamburgueres e panam-se (também pode ser com farinha de mandioca);
  4. Congela-se e estão prontos a usar noutra qualquer refeição.

Vamos lá então sem mais demora à receita da jardineira de legumes. Bom apetite!

Ingredientes

  • 2-3 batatas-doce cortadas em cubinhos (350g)
  • 2 cenouras médias cortadas em quadradinhos (100g)
  • 2-3 tomates médios maduros pelados e cortados em pequenos pedaços (330g)
  • 1 cebola grande picada (100g)
  • 4 alhos esmagados e picados (20g)
  • ervilhas frescas (300g)
  • caldo de legumes qb (ensino a fazer aqui) ou água
  • vinho branco (60ml) – opcional
  • 2 folhas de louro
  • 1 colher de sopa de pimentão doce
  • 1 colher de sopa de alho em pó
  • azeite qb para refogar
  • pimenta preta a gosto
  • salsa fresca picada para servir
  • sal qb

Como se faz a jardineira de legumes?

1. Num tacho aloura-se a cebola com as folhas de louro em azeite, e quando esta estiver transparente juntam-se os alhos deixando dourar mais um pouco.

2. Adiciona-se o tomate e tempera-se com o sal e as especiarias. Deixa-se cozinhar uns minutos, em lume brando, para o tomate amolecer e transformar-se em molho.

2. Colocam-se as batatas e cenouras e deixa-se cozinhar por mais uns minutos, mexendo de vez em quando. De seguida, adiciona-se um pouco de caldo de legumes e o vinho branco (caso usem) e deixa-se levantar fervura. 

3. Adicionam-se as ervilhas e envolvem-se bem, cobrindo os alimentos com mais caldo. Se for necessário nesta fase retificam-se temperos.

4. Deixa-se cozinhar em lume brando por cerca de 25-30 minutos ou até a batata estar cozida (testa-se com um garfo). Durante a cozedura, pode ser necessário ir acrescentando mais caldo/água para que o prato mantenha o molho desejado.

5. Desliga-se o lume e deixa-se repousar uns 5-10 minutos para o prato acabar de apurar os sabores. Serve-se com salsa fresca picada.

 

 

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